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Pesquisa e extensão no Jornalismo da Rural

Sandra Garcia e Rejane Moreira *

 

Iniciar a carreira docente em uma universidade pública envolve atividades no ensino, na pesquisa e na extensão. Esses três pilares constam no artigo 207 da Constituição brasileira de 1988, estabelecendo formalmente a indissociabilidade do famoso tripé. A partir do contato com a sala de aula, com a pesquisa acadêmica e com o trabalho extensionista, os alunos ampliam o horizonte de suas futuras profissões e têm acesso a uma gama de conhecimentos que apenas a sala de aula não dá conta. 

Os professores e professoras de Jornalismo na UFRRJ entendem as atividades de pesquisa e extensão, aliadas a outras formas de ampliar o conhecimento de si e do mundo, compondo um rico mosaico de aprendizagens ao longo desses 10 anos do curso. 

 

Alessandra de Carvalho

 

Alessandra Pinto de Carvalho está no Jornalismo da Rural desde 2010 e tem se dedicado a estudos que envolvem a divulgação científica e o jornalismo científico. Orienta projetos sobre esses temas, conforme relata:

“Comecei atuando na extensão em 2011, como colaboradora para a comunicação do extinto Fórum de Extensão, Arte e Cultura, ligado a Pró-Reitoria de Extensão. Levei comigo duas estudantes da primeira turma, que eram colaboradoras para os eventos e, posteriormente, começamos um blog: https://comfeac.wordpress.com/.  Colaborei até 2012, quando a greve veio. Depois, de 2014 a 2016, trabalhei com projetos de pesquisa em divulgação científica, nos quais tive bolsistas de iniciação científica. Neste ano, voltei a trabalhar com pesquisa e extensão, também envolvendo estudantes do curso. É importante proporcionar essa experiência aos estudantes para mostrar possibilidades de estudar de maneira mais focada em determinadas temáticas, ou de atuar como comunicador/jornalista em outros ambientes, além da redação das grandes mídias”.

 

 

Ana Vaz

 

Jornalista e psicóloga, Ana Vaz caminha por uma comunicação das bordas, traz aos alunos e alunas uma experiência construída em anos de trabalho no Jornalismo alternativo e popular. Concluiu recentemente seu doutoramento na área de História pela UFRRJ, pesquisando as estratégias de poder no Jornalismo nos anos de abertura política. 

“Minha especialização é o amplo campo ligado aos movimentos populares e à comunicação alternativa. Principalmente em parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), uma ONG cujo foco principal é a formação de comunicadores populares. Através dessa parceria, dezenas de alunos da Rural têm usufruído dos cursos oferecidos pelo NPC, além de participarem de atividades de produção coletiva junto com comunicadores populares.

Dentro do Jornalismo, me dedico, principalmente, ao desenvolvimento de técnicas de reportagem, às estratégias de entrevista e construção de narrativas noticiosas, dentro e fora da sala de aula. Dando aula nos cursos do NPC, oferecendo cursos de extensão online, em tempos de pandemia, estimulando os alunos a se aventurarem na criação de veículos e produção de pautas de maneira autônoma, como o processo que resultou em 2020, no blog Página 19 – https://medium.com/@pagdezenove – produzido por um grupo de alunos do terceiro período. Meu papel se limitou a estimular o impulso deles e ficar à disposição para responder às demandas de orientação e sugestões de aperfeiçoamento. Desta experiência resultaram dois cursos de extensão online: ‘Oficinas de Reportagem’ e ‘Oficinas de reportagem – pesquisa e auto-observação’ – este segundo conduzido em parceria com a professora Cecília Figueiredo. Reflexo desses focos abrangentes, minha formação e as linhas de pesquisa das quais participo apontam em diferentes direções. Com graduação em Jornalismo e em Psicologia, mestrado em Jornalismo e doutorado em História, hoje participo de três grupos de pesquisa. ‘Mídia e Narrativas do Sagrado’, ‘Narrativas Midiáticas e Memória’ e, na área da História, sou pesquisadora do Núcleo de Estudos da Política e História Social. Por fim, desde abril estou construindo, com alguns alunos, um blog para compartilhamento gratuito e interativo do livro ‘Jornalismo na Correnteza: senso comum e autonomia na prática jornalística’, de minha autoria, publicado pela primeira vez, em 2013, pela editora Senac”.

 

André Holanda

 

O professor André Holanda chegou ao Jornalismo da UFRRJ em 2016, trazendo sua experiência na área da comunicação digital para somar ao quadro do curso. Tem pós-doutorado pela UFBA, com pesquisa sobre o impacto das tecnologias nas cidades. Desde 2019, está como coordenador do curso de Jornalismo. 

 

 

 

Cecília Figueiredo

 

A professora Cecília Figueiredo, desde 2016, coordena o projeto de extensão Comunicação e Conscientização.  O projeto trabalha com o consumo consciente, através da circulação e produção de informações a respeito da agroecologia, agricultura familiar e alimentação orgânica. Participam alunos e alunas do curso de Jornalismo e professores de outros cursos e instituições. 

 

 

Cristiane Venâncio

 

Ela pode ser considerada a primeira professora que chegou ao Jornalismo na Rural, pois já estava na instituição antes da criação do curso, dando aulas em Administração. Cris, como é carinhosamente chamada, está em fase de conclusão de sua tese de doutorado, aguardando a data da defesa. 

Professora Cristiane Venâncio em congresso, na Universidade do Minho (Portugal), em ocasião do doutoramento, outubro de 2019

“Acabei de concluir a tese do doutoramento em Ciências da Comunicação, com especialidade em Comunicação Estratégica Organizacional, na Universidade do Minho, Portugal. A defesa ainda não tem data por causa da pandemia. O estudo está dividido em duas partes: a primeira, teórica, explorando as teorias das organizações, da comunicação organizacional e, por último, o ainda em construção campo da comunicação pública, o que me permitiu elucubrar sobre aquilo que se pode chamar de comunicação organizacional pública. A segunda parte foi uma pesquisa de campo, que teve como principal objetivo fazer um mapeamento da gestão da comunicação nas universidades federais brasileiras. O  objeto de análise primordial foi o instrumento “política de comunicação organizacional”. Entre os  resultados mais relevantes, foi apontado que apenas 29,4 % do universo pesquisado tem uma política, o que pode ser considerado pouco diante do que é determinado pela Lei das Estatais (13.303/16). O texto afirma sobre a necessidade de todas as organizações públicas terem tal documento. Na verdade, a existência da política é apenas a expressão de um conjunto de filosofias e posicionamentos escolhidos pela organização, e nossa pesquisa versa também sobre o percurso necessário para isso. Através do levantamento, foi possível ainda compreender e apontar um conjunto de sugestões diretivas para aquelas organizações públicas (especialmente universidades) que queiram criar e implantar uma política de comunicação organizacional”.

 

Fafate Costa

 

Fafate tem ampla experiência no mercado da comunicação, notadamente na área de telejornalismo. Ela ministra aulas nas disciplinas que envolvem o audiovisual e, na pesquisa e extensão, tem trabalhado com temas relativos à mulher. Fafate concluiu recentemente seu pós-doutorado pelo Centre for the Study of Women and Gender, Departament of Sociology at University of Warwick (UK), Reino Unido, com uma investigação sobre assédio (moral e sexual) sofrido por mulheres em ambiente universitário. 

 

 

Francisco Beltrão do Valle

 

Professor Francisco Valle em entrevista a vaqueiros de Serrita para o doutorado

No Jornalismo da Rural é ele quem ministra disciplinas que envolvem a estética e a comunicação. É dele toda a parte gráfica desta revista. Chico é doutor em Design pela UERJ com o tema “O Traje do vaqueiro do sertão nordestino”; no mestrado, pesquisou na mesma instituição “As relações entre design e o armorial de Suassuna”. De temperamento tranquilo, Chico traz aos alunos o sentido estético e gráfico dos produtos desenvolvidos no curso, sejam eles impressos ou digitais.

 

 

 

 

Flora Daemon

 

A professora Flora Daemon nos conta do percurso vivido rumo ao mundo acadêmico. Sua tese de doutorado foi considerada a melhor do Brasil na área de Comunicação (Capes, 2014) e foi também contemplada com recursos pela Faperj para sua publicação em livro no ano seguinte. Atualmente, desenvolve pós-doutorado, em que investiga as marcas de autor presentes em imagens violentas, com especial atenção aos registros da violência de Estado. Suas pesquisas fazem interface com estudos da Violência, Gênero, Memória e Escritas de si. Ela está na UFRRJ desde 2016 e ministra aulas nas disciplinas de Comunicação e Cidadania, Ética, Política e Comunicação, além de optativas voltadas para Estudos de Gênero e Violência.

 

 

 

Ivana Barreto

 

A professora Ivana Barreto tem seu campo de atuação no jornalismo impresso, especialmente o jornalismo literário. Coordena atualmente um projeto de pesquisa e outro de extensão. O projeto de iniciação científica “Clarice Lispector e a escrita de autoria feminina no espaço da mídia impressa: uma análise dos textos para Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite” tem o objetivo de perceber onde acontecem críticas à sociedade patriarcal e machista na obra da autora e verificar a atualidade dos textos da Clarice. 

Logo do projeto de extensão “Observatório de Mídia” da UFRRJ

Na extensão, Ivana criou o Observatório de Mídia do Curso de Jornalismo da UFRRJ. O projeto surgiu a partir de um grupo de estudos que periodicamente realizava leituras e debates sobre a importância da análise crítica da mídia, no intuito de observar de que forma os meios (a imprensa formal)  poderiam deixar a desejar ou ser mais criteriosos e responsáveis para o fortalecimento da democracia. 

Desde o início da Covid-19, os discentes do curso, sob a orientação da coordenadora do projeto, têm realizado pesquisas e análises que levaram à produção de textos com temas relacionados à pandemia. Esses textos, além de publicados no Portal Humanidades, foram veiculados pelo Observatório da Imprensa – criado por Alberto Dines e de grande importância para a análise e crítica da mídia –  veículo com o qual foi estabelecida uma parceria.

Em breve, estará no ar o blog do Observatório, com espaço para contribuições não apenas de discentes e docentes do Curso de Jornalismo da Rural como também de alunos e professores de outras instituições de ensino. 

 

José Cardoso Ferrão

 

O professor Ferrão é atuante nas disciplinas de mídia sonora do curso. Coordena o grupo de pesquisa “MINAS: Mídia e Narrativas do Sagrado”, fundado em maio de 2019, juntamente com a profa. Ana Lúcia Vaz (UFRRJ), Joana D’Arc Bahia e Ana Carolina Huguenin, ambas da UERJ. O objetivo maior do projeto é entender os fenômenos religiosos  ligados à espiritualidade nas práticas comunicacionais midiatizadas dos indivíduos e grupos. O grupo multidisciplinar nasceu justamente no momento de maior confluência entre mídia e religião na definição dos rumos da política no Brasil .  O Grupo tem duas linhas de pesquisa. A primeira se chama “Escritas, espiritualidades e modos de pensar a história”. A segunda, “Religião, Literatura e Mídia”. Certificado pelo CNPq, em outubro deste ano, houve o primeiro encontro do MINAS, com a mesa redonda “Religião, Mídia, Política e Conflito”, que contou com a participação dos professores Ricardo Rezende (UFRJ) e Mozart Noronha (UCAM-RJ).  O encontro virtual fez parte dos eventos de comemoração dos 10 anos do Curso de Jornalismo da UFRRJ. Outra pesquisa desenvolvida pelo professor José Ferrão é sobre as estruturas narrativo-midiáticas do puritanismo na Nova Inglaterra e do catolicismo popular no Brasil.

 

Rejane Moreira 

 

A professora Rejane Moreira desenvolve, desde o início do curso, em 2010, atividades de extensão e projetos de pesquisa. Ele inaugurou o Núcleo de Estudos em Cultura Midiática, primeiro diretório de pesquisa do curso e que envolveu todos os docentes. O NECOM promove diversas atividades, como a Roda de Saberes e busca promover junto aos alunos, a partir de laboratórios de pesquisas, discussões sobre leituras críticas de mídia. É uma das primeiras a levar a pesquisa e a extensão aos ouvidos dos alunos.

 

 

 

Sandra Garcia

 

A aluna Nathalia Mendonça em conversa com a equipe da rádio Mirandela

“Cheguei ao curso de Jornalismo no final de 2015. Minha área de atuação é o rádio. No fim da graduação, fiz um projeto experimental sobre o movimento de rádios livres; no mestrado, trabalhei com as rádios comunitárias e no doutorado, com um programa experimental de emissora pública. Desenvolver pesquisa e extensão no Jornalismo da UFRRJ seria questão de tempo. Fui delineando os projetos, começando com narrativas inovadoras no jornalismo da web e os movimentos políticos na rede. Quando consegui melhor entender a realidade periférica da UFRRJ, me senti pronta para pesquisar as rádios comunitárias na Baixada Fluminense. Desenvolvo esse projeto há três anos em conjunto com alunos bolsistas e voluntários na iniciação científica.

Na extensão, o trabalho também envolve o meio rádio com oficinas de áudio e produção de podcasts no Centro de Arte e Cultura – CAC, da UFRRJ. Estamos lá há dois anos, procurando levar o desenvolvimento das habilidades em produção de áudio para quem tiver interesse. As oficinas são ministradas por alunos e alunas bolsistas e voluntários. Tem alcançado estudantes da Rural e moradores da região. No futuro, temos a ideia de estruturar uma webradio no CAC para divulgação dos trabalhos do centro e incentivo ao aprendizado da linguagem em áudio.”

 

Simone Orlando

 

Professora SImone Orlando com alunos do PET em 2019

A fala ágil que tenta acompanhar as ideias é marca registrada da primeira coordenadora do curso, Simone Orlando. Entre 2014 e 2020, Simone trabalhou a pesquisa com questões de Cibercultura, Multiletramento e Educomunicação. Desde 2017, no entanto, é no PET, Programa de Educação Tutorial “Dimensões da Linguagem”, que concentra toda sua verve extensionista. Em 2016, criou o Portal Humanidades, com a ideia de mostrar a atuação dos docentes do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), instituto onde está alocado o curso de Jornalismo.

Criou também  o Portal dos Grupos PET em 2018, para divulgar as ações dos dez programas existentes hoje na UFRRJ.   Do Portal Humanidades, Simone despediu-se em 2019 para se dedicar integralmente ao PET. O trabalho no Portal Humanidades continua com outros professores do curso. 

 

*Sandra e Rejane são docentes do curso de Jornalismo na UFRRJ.

Postado em 04/11/2020 - 00:34 - Atualizado em 16/11/2020 - 17:02